Por: Ana Paula Dada
“Apesar da crescente preocupação com a saúde, é preciso ter em mente que a indulgência e o sabor ainda são os atributos mais importantes para a categoria. Ao consumir doces e sobremesas, os brasileiros estão principalmente em busca de momentos prazerosos, que melhorem seu humor e seu bem-estar emocional”. Ana Paula Gilsogamo, analista de alimentos e bebidas relata no site da Mintel (2018) em uma entrevista, as novas tendências do mercado alimentício frente às mudanças de hábitos da população, a qual revela-se cada vez mais com um ritmo frenético de trabalho e buscando a necessidade crescente de saúde e bem-estar.
Tendo em vista esse conceito, podemos notar que os alimentos não são apenas necessários para cumprir as funções metabólicas do organismo e saciar a fome. Fica evidente que existe uma associação entre as funções dos alimentos e do cérebro, como a capacidade de aliviar o estresse emocional. Afinal, quem nunca buscou alívio ao estresse em um pedaço de chocolate? De acordo com a pesquisa da Mintel (2018), cerca de 34% dos consumidores brasileiros concordam que ter sobremesas/doces ajudam a melhorar seu humor durante o dia.
Nesse contexto, o termo “Mood Food” tem surgido como uma oportunidade para a indústria de alimentos. Também conhecido como “comida da felicidade” o qual teve início no Japão, porém, a relação entre a comida e o estado de humor das pessoas já havia sido identificada por Hipócrates, 460 a.C, quando considerava o alimento como remédio e que nosso remédio seriam os alimentos.
Mas afinal, o que são alimentos considerados “Mood Food”?
São alimentos constituídos com ingredientes como aminoácidos, que atuam na produção e liberação de neurotransmissores como a serotonina, responsável pela sensação de bem-estar, a dopamina e a noradrenalina, que, por sua vez, proporcionam mais energia e disposição e ajudam a aumentar o foco, entre outros hormônios.
Segundo a EFSA (Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos) existem alguns ingredientes os quais já tiveram sua eficácia comprovada em relação à saúde psicológica dos consumidores. Alguns exemplos desses alimentos são o magnésio, vitamina C e algumas vitaminas do complexo B, como tiamina, niacina, vitamina B6, biotina, folato e vitamina B12.
O neurotransmissor mais popularmente conhecido é a serotonina, a qual pode ser produzida pelo aminoácido triptofano, ela está relacionada à fome, dor e ao sono, mas também ao humor, portanto, uma refeição rica em determinado aminoácido provoca um aumento da serotonina, estimulando o bem-estar emocional da pessoa. Diante disso, o consumo rápido de determinado alimento revela-se atrativo a nova população que busca conforto do sabor e bem-estar emocional e ao mesmo tempo nutrição nos alimentos consumidos.
Diversos alimentos já se encontram no mercado sendo enquadradas nessa categoria, as mais populares são as bebidas, as quais vão desde chás e sucos para o relaxamento, até as bebidas energéticas, refrigerantes e cervejas com o intuito de estimular e dar energia. Além disso, tem crescido bastante também a aplicação em alimentos, como os snacks anti-stress, chocolates entre outros.
Diante disso, podemos observar que existem infinitas combinações e uma área infinita de alimentos e compostos novos a serem explorados e criados. Uma verdadeira chance potencializadora para a indústria alimentícia que deseja se destacar e investir no mercado atual.