Por: Rafael Pereira Malaquias
De acordo com a Food and Agriculture Organization (FAO), órgão da Organização das Nações Unidas (ONU), a produção total de alimentos no mundo atinge atualmente cerca de 3,8 bilhões de toneladas por ano.
Colocado entre os três maiores produtores mundiais (juntamente com a China e os Estados Unidos), o Brasil produz 353 milhões de toneladas de alimentos, incluindo grãos, carnes, frutas, hortaliças, açúcar, cacau, café e outros itens, o que corresponde a aproximadamente 9% da produção mundial.
Apesar das dificuldades geradas pela crise em nossa economia, o agronegócio vem crescendo em nosso país, e alguns fatores como extensa área de terra cultivável e clima favorável à uma produção diversificada contribuem para isso.
Sendo assim, todas essas boas perspectivas não nos deixam esquecer que no Brasil são desperdiçadas 41 mil toneladas de alimentos anualmente, enquanto a fome afeta 14 milhões de pessoas no país (dados da FAO). O Brasil é considerado um dos dez países que mais desperdiçam alimentos em todo o mundo.
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o desperdício de alimentos no Brasil acontece em toda a cadeia de produção:
● 10% do que é colhido se perde ainda no campo;
● 50% durante é desperdiçado no manuseio e transporte;
● 30% perdido na comercialização e abastecimento;
● 10% é jogado fora nos supermercados, restaurantes e em nossas próprias casas.
A sustentabilidade implica em redução de perdas e desperdício de alimentos, entendendo-se a perda como aquela que ocorre antes do consumo e o desperdício como o que se dá já no próprio nível do consumo, o que requer um zelo maior quanto aos processos produtivos de plantio, colheita e distribuição (incluindo a qualificação de mão de obra), além de uma maior conscientização do consumidor, bem como alterações de legislação.
Influenciados por padrões sociais e culturais, nossos hábitos de consumo nem sempre são sustentáveis. É fundamental que o planejamento alimentar, a compra e o consumo sejam realizados de forma consciente. Assim, no nosso dia a dia, podemos adotar alguns hábitos que colaboram para a diminuição do desperdício de alimentos.
● Planeje suas refeições, preparando o cardápio da semana. Faça então a sua lista de compras e evite comprar por impulso. Além de diminuir suas despesas, você contribuirá para a redução do resíduo de alimentos.
● Utilize frutas, legumes e verduras que podem apresentar tamanho, formato ou cor “inadequados”, mas que preservam as qualidades nutritivas para o consumo.
● Não encha seu prato de comida. Melhor se servir novamente do que sobrar.
● Reduza a quantidade de restos de comida jogados no lixo e faça compostagem caseira, utilizando em suas plantas o húmus resultante do processo. Assim você contribui para a diminuição de lixo orgânico que vai para aterros e que dá origem a gases que poluem a atmosfera.
● Controle a sua despensa. Cozinhe e coma antes o que você comprou primeiro. Guarde os alimentos pela ordem de data de validade – o que vencem antes devem ser colocados na frente.Crie receitas a partir de sobras de refeições. Use a criatividade para reciclá-las em sopas, saladas, tortas e outros pratos.
● Congele as sobras de refeições, assim como produtos frescos, se você souber que não vai consumi-los logo, para poder usá-los quando for conveniente.
● Há muitos que não têm o que comer. Produtos alimentícios não perecíveis ou perecíveis apropriados para o consumo podem ser doados para pessoas carentes e entidades assistenciais.
● Aproveite cascas de frutas e de legumes, sementes e talos dos alimentos, que têm grande valor nutritivo e permitem variações no cardápio. Prepare refogados, saladas, caldos, sopas, compotas, etc.
● Se verduras e legumes apresentarem partes danificadas, corte-os, lave bem o que pode ser aproveitado e utilize em suas refeições.
● Escolha frutas, verduras e legumes sem manipulá-los. Só pegue o alimento depois de decidir o que vai comprar. Assim, o produto será preservado por mais tempo.
● Procure sempre saber qual a maneira correta de armazenar cada alimento para aumentar a durabilidade – dentro ou fora da geladeira; num saco plástico ou num pote de vidro; na geladeira ou no freezer; etc.
Desse modo, é sempre bom lembrar que o poder da mudança está certamente nas mãos do consumidor. Precisamos dar maior atenção ao impacto do nosso comportamento no consumo de alimentos. Existem muitas informações disponíveis para agir sobre esses aspectos, mas é necessário interesse e engajamento do público.